Todos sabem, de certa forma, desenhar. No entanto, desenhar do jeito que queremos é um processo que leva tempo, é preciso de anos de prática para aperfeiçoar essa habilidade...
Será?
Saurabh Datta inventou uma máquina que te ensina, ou melhor, ensina seus músculos a desenharem. Foi desenvolvida pensando em, justamente acelerar o processo de aprendizado de habilidades como desenhar e tocar piano. A máquina é presa à mão e braço da pessoa, tendo grande relação com o tato, e faz com que eles repitam certos movimentos, assim criando uma memória muscular, ou seja, o músculo se acostuma com aquele movimento. Dessa forma, o indivíduo sente mais facilidade ao fazê-lo sozinho posteriormente, ajudando-o no processo de aprendizado.
Escolhi falar sobre esse projeto pois gosto de desenhar mas sei que ainda tenho muito a melhorar, e esse processo de treino pode ser cansativo e intimidador. Assim, uma maquina que "segura sua mão" e te acompanha pelo processo pode ajudar inclusive o individuo a engatar no treino e se sentir mais confiante ao desenhar sozinho. Mas, além disso, vi que esse aparelho tem grande potencial para ser inclusive utilizado de outras maneiras.
Um problema que Datta encontrou foi que a máquina gerou um desconforto em algumas pessoas, pois elas se sentiram controladas, forçadas a fazerem certo movimento. Então ele comenta que para futuras versões da máquina é preciso que o controle seja versátil, seja dividido entre homem e máquina. Assim, o indivíduo não se sentiria dominado, podendo tomar a liderança sobre o aparelho a qualquer momento.
A máquina, “Teacher”, é muito interessante e poderia de fato ajudar no processo de aprendizado de diferentes habilidades, mas por enquanto ela contribui pouco para isso. No caso de desenho, por exemplo, ela pode ajudar a melhorar o traço. Além disso, ela está abrindo portas para a construção de máquinas que auxiliam os seres humanos em aprendizados motores.
Vale ressaltar que mesmo com o aperfeiçoamento da máquina para que ela ajude pessoas a desenharem mais do que apenas círculos e retângulos, não é isso que vai definir se a pessoa é ou não um artista, outros fatores são importantes, como a criatividade, plasticidade, a dedicação, contextualização etc.
Teacher, então, ajuda no aprendizado, mas precisa ser aprimorado para que de fato auxilie significativamente pessoas a desenharem ou tocarem piano. No entanto, acredito que ela pode ainda abrir portas para um caminho distinto.
De acordo com Oxford Languages, fisioterapia é uma “especialidade paramédica que emprega agentes físicos (água doce ou salgada, sol, calor, eletricidade etc.), massagens e exercícios no tratamento de doenças.” Quando alguém sofre um acidente grave pode acabar precisando de sessões de fisioterapia, já que a pessoa pode ter perdido controle, coordenação motora sobre uma parte do corpo, como é o caso de paraplegia.
Após o diagnóstico da paralisia é fundamental que o indivíduo inicie a fisioterapia o quanto antes. Pois isso é crucial para ditar o quanto o paciente vai melhorar.
A fisioterapia tem a capacidade de proporcionar aos indivíduos maior independência funcional e no dia a dia, melhorando sua vida social, bem estar psicológico e qualidade de vida.
Assim, acredito que máquinas como Teacher possam ser usadas no futuro para ajudar diferentes pessoas a se recuperarem através da fisioterapia, movendo os membros necessários para a reabilitação, auxiliando, desta forma, principalmente nesse estágio inicial tão importante, que se for deixado de lado pode comprometer a melhora do paciente.
Vale ressaltar que direcionando o aparelho para essa função é necessário tomar ainda mais cuidado na relação entre humano e máquina. Uma vez que o paciente não tem controle sobre o membro em questão, o que pode aumentar a insegurança e o mal estar pela ausência de controle sobre a máquina.
Imagino que no caso de habilidades como desenhar, a máquina poderia ter sensores e quando sentisse determinada força vindo do indivíduo ela se desligaria deixando-o fazer os movimentos por conta própria. No entanto, isso se torna mais desafiador quando se trata de indivíduos que não conseguem ter total controle sobre determinada área do corpo. Assim, vale considerar que a máquina seja ligada também a algum membro que o paciente consiga controlar, podendo, dessa forma, comandar a máquina.
Dessa forma, acredito que Teacher cumpre seu papel de abrir portas e oportunidades para diferentes projetos futuros, servindo como ponto de partida para a criação de máquinas que auxiliem no aprendizado por meio de memória muscular ou até de outros aparelhos que envolvam movimentos musculares.
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